Dentro de um ano conclui-se um século [120 anos em 2008] sobre o aparecimento dos dois primeiros jornais publicados com periodicidade e continuidade na nossa terra:
O primeiro foi a «Folha d'Albergaria» saído a 19 de Julho de 1888. Publicou doze números e não durou mais de três meses.
O segundo foi «O Movimento», começado em 1 de Dezembro de 1888. Veio a terminar 15 meses depois, com a saída do n.° 133. Era um bissemanário e foi um dos melhores jornais do concelho.
Tiveram vida curta, como se vê, mas outros se lhes seguiram, pouco depois e ao longo de todo um século.
Naquela época, a ânsia de saber e a difusão da instrução marchavam, lado a lado, em fúria romântica contra o analfabetismo. Nesse sentido, os periódicos regionais constituíam uma base fundamental e indispensável da informação regíonal, nacional e também internacional.Eram os veículos apropriados e, em muitos casos, únicos para levar às gentes das aldeias, vilas e mesmo cidades, e aos emigrantes, a notícia, o comentário, o ensinamento, a nota elegante ou necrológica da vida local.
Os jornais da Província eram um misto de gosto apaixonado e de duro sacrifício pela obra de difusão cultural que constituíam. Eram geralmente fruto de um trabalho dedicado e pertinaz de um pequeno grupo, apoiado, sempre em correspondentes assíduos, quase todos perdidos no anonimato do pseudónimo ou da maiúscula envergonhada. Sob a força aglutinante da coragem do Proprietário e da batuta do Director, eles escreviam a notícia e a crónica, a aspiração e a crítica, a poesia e a historiazinha ingénua, o ensaio e a divulgação, reclamavam e batiam-se como os cruzados afonsinos, com fé e coragem, pelo engrandecimento e expansão das suas terras.
E tudo desinteressadamente, quando não com prejuizo contínuo e malquerenças acumuladas.
Foi sempre assim entre nós, ao longo deste século. Praticamente nunca faltou um jornal e tantas vezes apareciam dois e três, contemporâneos úteis, desejados e apreciados.
Em Albergaria-a-Velha, terra de emigrantes, desde os primeiros periódicos do século passado que se encontra a notícia que lhes é dirigida, a nota que lhes diz respeito ou mesmo a correspondência e a crónica que de além-mar enviavam manchadas da cera da vela e das lágrimas da saudade com que foram escritas. Os jornais da nossa terra são um manancial espantoso para a compreensão do fenómeno -sociológico das bolsas albergarienses, a princípio, nos brasis, nas áfricas e nos orientes e, mais tarde, também nas américas e nas europas. O estudo da interacção e interrelação contínuas com os díspares estratos sociais dos nossos emigrantes terá um dia de ser feito se quisermos, conhecer a evolução da nossa gente. E os jornais são preciosa fonte de investigação.
Alburquerque Pinho / Beira Vouga nº 406 de 1 de Agosto de 1987
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